Ela continua sendo a maior estrela de todos os tempos. Doce, linda e sedutora, na intimidade era insegura e atormentada. Até agosto, mês dos cinquenta anos de sua morte, filmes, livros e exposições homenageiam a diva.
Em
1961, o fotógrafo Douglas Kirkland (na foto) tinha 27 anos quando
clicou a atriz para a Look Magazine. O ensaio, chamado “One Night With
Marilyn”, ficou famoso por captar a espontaneidade da diva e resultar em
uma das imagens mais conhecidas dela
São
imagens da atriz nua cobrindo-se apenas com um lenço de seda
transparente. Estava magérrima. “Ainda mais linda do que quando era mais
cheinha e tinha sido, até então, a atriz mais voluptuosa que eu já
havia visto”, diz Stern numa entrevista publicada no livro. Pouco tempo
depois, no dia 5 de agosto daquele ano, ele ouviu a notícia de sua morte
na TV. “De alguma forma não foi surpresa. Não que ela tenha me parecido
deprimida ou suicida. Mas alguma coisa me cheirava a problema.” No
livro Marilyn — Últimas Sessões, em que o autor Michel
Schneider descreve a relação da atriz com o terapeuta dela, há um
diálogo da paciente com seu médico sobre essa sessão de fotos. “Estava
bêbada e nua”, teria dito. Segundo consta, ela estava abastecida pela
mistura de Dom Pérignon e vodca. “Não é isso que me incomoda. É a música
enjoativa que ainda ouço quando as vejo (as fotos).” Eram seus últimos
meses de vida e, de acordo com Schneider, àquela altura ela já estava
oscilando entre “uma estrela cintilante e uma boneca murcha”.
Apesar
de ter sido cultuada em vida e permanecer assim meio século depois da
morte, Marilyn ainda continua sendo, de certa forma, um mistério para os
fãs e para a mídia. Por isso talvez o mais importante dos livros
recém-lançados sobre a atriz seja o que de fato conseguiu entrar na
mente dela. Fragmentos (Tordesilhas, 269 págs.) traz algo
realmente inédito: os diários. Trata-se de um extraordinário arquivo que
contém poemas, cartas, receitas e notas escritos por ela. São textos
que jogam luz sobre a intimidade da mulher mais desejada e invejada do
mundo naquela época e mostram que a vida não parecia nada fácil quando
Marilyn estava sozinha. Muitas coisas doíam: o medo de herdar a doença
mental da mãe, a busca por uma família, os casamentos fracassados (ela
se casou três vezes) a insegurança no trabalho e o esforço para se
tornar uma atriz respeitada. O precioso arquivo foi encontrado por Anna
Strasberg, a terceira mulher de Lee Strasberg, professor de teatro de
Marilyn para quem ela deixou os direitos da sua imagem e objetos
pessoais. Lee morreu em 1982 e somente há alguns Ana encontrou as caixas
com os escritos. O mundo ganhou um olhar sem filtro sobre a atriz.
“Onde os olhos dele descansam com prazer, quero ainda ser. Mas os tempos mudaram a força desse olhar” Trecho dos diários de Marilyn
Marilyn
matriculou-se no curso de Lee em março de 1955. Fazia um ano, havia se
separado de Joe DiMaggio, lenda do beisebol daqueles tempos, com quem
ficou casada por apenas dez meses — o relacionamento sucumbiu ao ciúmes
do jogador, que não lidava bem com a superexposição da mulher.
Frequentava o curso e a terapia, obrigatória para os alunos. O método de
estudos apoiava-se principalmente nas memórias pessoais dos alunos. Aos
29 anos, estava colocando os demônios para fora. Uma reportagem
publicada pela edição americana da revista Vanity Fair em
outubro de 2010 afirma que ela fazia de tudo para passar despercebida na
sala. Sentava no fundo, cobria os cabelos com um lenço, abria mão da
maquiagem. De nada adiantava.
1.
Para melhorar a formação defasada, ela devorava clássicos. 2. Em 1945,
aos 19 anos, quando usava seu nome original, Norma Jeane Mortensen. 3.
No intervalo de uma filmagem
MELANCOLIA
Durante as filmagens de Os Desajustados, em 1960. Arthur Miller havia escrito o filme para Marilyn. Com a relação desgastada, as filmagens foram tensas e ela tinha dificuldade para decorar as falas.
Durante as filmagens de Os Desajustados, em 1960. Arthur Miller havia escrito o filme para Marilyn. Com a relação desgastada, as filmagens foram tensas e ela tinha dificuldade para decorar as falas.
Por
Ludmila Vilar
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