terça-feira, 28 de agosto de 2012

A mulher por trás de Marilyn (Parte II)

Ela continua sendo a maior estrela de todos os tempos. Doce, linda e sedutora, na intimidade era insegura e atormentada. Até agosto, mês dos cinquenta anos de sua morte, filmes, livros e exposições homenageiam a diva.

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Em 1961, o fotógrafo Douglas Kirkland (na foto) tinha 27 anos quando clicou a atriz para a Look Magazine. O ensaio, chamado “One Night With Marilyn”, ficou famoso por captar a espontaneidade da diva e resultar em uma das imagens mais conhecidas dela
São imagens da atriz nua cobrindo-se apenas com um lenço de seda transparente. Estava magérrima. “Ainda mais linda do que quando era mais cheinha e tinha sido, até então, a atriz mais volup­tuosa que eu já havia visto”, diz Stern numa entrevista publicada no livro. Pouco tempo depois, no dia 5 de agosto daquele ano, ele ouviu a notícia de sua morte na TV. “De alguma forma não foi surpresa. Não que ela tenha me parecido deprimida ou suicida. Mas alguma coisa me cheirava a problema.” No livro Marilyn — Últimas Sessões, em que o autor Michel Schnei­der descreve a relação da atriz com o terapeuta dela, há um diálogo da paciente com seu médico sobre essa sessão de fotos. “Estava bêbada e nua”, teria dito. Segundo consta, ela estava abastecida pela mistura de Dom Pérignon e vodca. “Não é isso que me incomoda. É a música enjoativa que ainda ouço quando as vejo (as fotos).” Eram seus últimos meses de vida e, de acordo com Schnei­der, àquela altura ela já estava oscilando entre “uma estrela cintilante e uma boneca murcha”.
Apesar de ter sido cultuada em vida e permanecer assim meio século depois da morte, Marilyn ainda continua sendo, de certa forma, um mistério para os fãs e para a mídia. Por isso talvez o mais importante dos livros recém-lançados sobre a atriz seja o que de fato conseguiu entrar na mente dela. Fragmentos (Tordesilhas, 269 págs.) traz algo realmente inédito: os diários. Trata-se de um extraordinário arquivo que contém poemas, cartas, receitas e notas escritos por ela. São textos que jogam luz sobre a intimidade da mulher mais desejada e invejada do mundo naquela época e mostram que a vida não parecia nada fácil quando Marilyn estava sozinha. Muitas coisas doíam: o medo de herdar a doença mental da mãe, a busca por uma família, os casamentos fracassados (ela se casou três vezes) a insegurança no trabalho e o esforço para se tornar uma atriz respeitada. O precioso arquivo foi encontrado por Anna Strasberg, a terceira mulher de Lee Strasberg, professor de teatro de Marilyn para quem ela deixou os direitos da sua imagem e objetos pessoais. Lee morreu em 1982 e somente há alguns Ana encontrou as caixas com os escritos. O mundo ganhou um olhar sem filtro sobre a atriz.
“Onde os olhos dele descansam com prazer, quero ainda ser. Mas os tempos mudaram a força desse olhar” Trecho dos diários de Marilyn
Marilyn matriculou-se no curso de Lee em março de 1955. Fazia um ano, havia se separado de Joe DiMaggio, lenda do beisebol daqueles tempos, com quem ficou casada por apenas dez meses — o relacionamento sucumbiu ao ciúmes do jogador, que não lidava bem com a superexposição da mulher. Frequentava o curso e a terapia, obrigatória para os alunos. O método de estudos apoiava-se principalmente nas memórias pessoais dos alunos. Aos 29 anos, estava colocando os demônios para fora. Uma reportagem publicada pela edição americana da revista Vanity Fair em outubro de 2010 afirma que ela fazia de tudo para passar despercebida na sala. Sentava no fundo, cobria os cabelos com um lenço, abria mão da maquiagem. De nada adiantava.
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1. Para melhorar a formação defasada, ela devorava clássicos. 2. Em 1945, aos 19 anos, quando usava seu nome original, Norma Jeane Mortensen. 3. No intervalo de uma filmagem
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MELANCOLIA
Durante as filmagens de Os Desajustados, em 1960. Arthur Miller havia escrito o filme para Marilyn. Com a relação desgastada, as filmagens foram tensas e ela tinha dificuldade para decorar as falas.
Por Ludmila Vilar 

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