Ela continua sendo a maior estrela de todos os tempos. Doce, linda e sedutora, na intimidade era insegura e atormentada. Até agosto, mês dos cinquenta anos de sua morte, filmes, livros e exposições homenageiam a diva
FATAL
Numa cena de Como Agarrar um Milionário, de 1953. Assim o mundo a conhecia: uma mulher estonteante
Numa cena de Como Agarrar um Milionário, de 1953. Assim o mundo a conhecia: uma mulher estonteante
Do
camarim dava para ouvir a plateia entre aplausos e risadas. Mas na sala
a poucos metros do palco, Marilyn Monroe estava sentada, em pânico,
embora minutos antes tivesse atravessado os bastidores do Madison Square
Garden e sorrido com glamour inabalável para os técnicos de bastidores.
Por trás da porta ela era um desastre emocional. Naquele maio de 1962,
sua vida estava caótica: ela havia perdido peso, faltava muito às
gravações de Something´s Got to Give e vivia doente. Depois de
fazer o público esperar por quatro horas, pisou no palco com um vestido
que a fazia parecer nua: branco, justo, decotado, transparente. Marilyn
fez um movimento com os ombros, suspirou e não esperou a plateia sair do
êxtase. Então embalou com voz sexy a homenagem ao presidente John
Kennedy, seu amante havia meses: “Happy birthday, Mr. President. Happy birthday… to you”.
Assim, cumpriu o papel da loira fatal ao qual estava acostumada — e
também o da celebridade temperamental, ao qual estava acostumado o
público. Mas o atraso não era um capricho. Marilyn tinha certeza de que
todos lá fora zombavam dela e custou a entrar. Em seu íntimo era
perturbada, insegura e medrosa. “Por que me sinto menos ser humano do
que os outros?”, escreveu em um de seus diários. Isso a acompanhou por
toda a vida, mas não a impediu de se tornar — e continuar sendo — a
maior estrela de todos os tempos.
“Ela representava o
sonho e o pesadelo americanos e reunia características extremamente
importantes para a recordação eterna”, diz a professora Denise
Sant´anna, da PUC-SP, especialista em história do corpo. Segundo ela,
Marilyn era a estrela mais híbrida que Hollywood poderia ter naquele
momento. “Tinha corpo de mãe e jeito de adolescente. Era a mulher para
casar ao mesmo tempo em que a maneira de se comportar a tornava
inacessível.” Sua sensualidade não tinha nada a ver com a de atrizes de
outras décadas, como Ava Gardner, que encarnava apenas a devoradora de
homens. Marilyn tinha doçura, era engraçada. Mesmo sua insatisfação
estava em conformidade com o espírito daqueles tempos. Ela exalava já
nos anos 50 o que viria a confirmar-se na década seguinte. O que não foi
a contracultura americana senão os sintomas de uma grande insatisfação?
“Sozinha!!! Eu estou sozinha. Eu estou sempre sozinha, não importa o que aconteça” Trecho dos diários de Marilyn
Meio
século depois da sua morte, Marilyn Monroe ainda rende milhões de
dólares a cada ano. A imagem lucrativa da atriz resulta em toda forma de
produto para abastecer a “Marilyn mania”. Sobretudo, neste ano de
cinquentenário da sua morte. A MAC deve lançar uma linha de maquiagem
inspirada na diva. No Brasil, além da estreia do filme Minha Semana com Marilyn, a exposição Quero Ser Marilyn!
fica em cartaz na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, de 4 de março a
1º de abril. A mostra traz 125 de retratos da atriz feitos por artistas
como Andy Wahrol e Henri Cartier-Bresson. Recentemente, a editora
Taschen lançou Norman Mailer, Bert Stern: Marilyn Monroe (em
inglês). A obra traz um material precioso e teve apenas 1962 impressões,
a mil dólares cada. Mailer, considerado um dos maiores escritores
americanos, escreveu uma biografia da vida da atriz em 1973. Stern fez o
último ensaio fotográfico dela no hotel Bel-Air, em Los Angeles, em
1962.
INESQUECÍVEL
Sob um lençol branco, o fotógrafo Douglas Kirkland conseguiu uma das mais memoráveis imagens da atriz. Para a sessão de fotos, chamada “One Night With Marilyn”, ela fez três exigências: lençol de seda, Dom Pérignon e Frank Sinatra de trilha sonora
Sob um lençol branco, o fotógrafo Douglas Kirkland conseguiu uma das mais memoráveis imagens da atriz. Para a sessão de fotos, chamada “One Night With Marilyn”, ela fez três exigências: lençol de seda, Dom Pérignon e Frank Sinatra de trilha sonora
AMORES
Sempre tumultuadas, as relações de Marilyn oscilavam entre affairs e casamentos — sendo o primeiro aos 21 anos, antes de se tornar famosa. 1. Com o ator Yves Montand, seu colega no filme Let´s Make Love. 2. Na única foto com Bob e John Kennedy 3. Com Joe DiMaggio, segundo marido. 4. Numa festa com Frank Sinatra, outro de seus casos, uma semana antes da morte. 5. Com o último marido, o escritor Arthur Miller, com quem teve o casamento mais longo.
Sempre tumultuadas, as relações de Marilyn oscilavam entre affairs e casamentos — sendo o primeiro aos 21 anos, antes de se tornar famosa. 1. Com o ator Yves Montand, seu colega no filme Let´s Make Love. 2. Na única foto com Bob e John Kennedy 3. Com Joe DiMaggio, segundo marido. 4. Numa festa com Frank Sinatra, outro de seus casos, uma semana antes da morte. 5. Com o último marido, o escritor Arthur Miller, com quem teve o casamento mais longo.
Por
Ludmila Vilar
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