Ela continua sendo a maior estrela de todos os tempos. Doce, linda e
sedutora, na intimidade era insegura e atormentada. Até agosto, mês dos
cinquenta anos de sua morte, filmes, livros e exposições homenageiam a
diva
EXPOSIÇÃO
Através do vidro do carro, o fotógrafo flagra Marilyn chorando logo após anunciar a separação de Joe DiMaggio
Através do vidro do carro, o fotógrafo flagra Marilyn chorando logo após anunciar a separação de Joe DiMaggio
Certa
vez, na sua hora do exercício, o professor pediu que lembrasse de um
momento em sua vida. Era preciso ir fundo, buscar a roupa que vestia, o
cheiro, as palavras que ouvira. Marilyn descreveu uma cena, supostamente
de um abuso sexual, em que estava sozinha num quarto quando um homem,
não identificado por ela, entrou. À medida que lembrava, desabava em
lágrimas. Estavam ali a alma atormentada e a atriz em busca de ser
reconhecida além de sua beleza. A mesma que a eternizou na memorável
foto com o vestido branco voando com o vento vindo do túnel do metrô.
Lee
Strasberg tonou-se mentor e substituiu de certa forma o pai que ela
nunca teve. A mãe dela, Gladys Pearl Baker, sofria de graves problemas
mentais e não vivia com o pai da atriz quando ela nasceu. A busca por
esse homem foi uma das maiores dores de Marilyn por toda a sua vida.
Ainda bebê, a atriz ficou sob os cuidados de uma família e depois teve a
infância marcada por uma série de idas e vindas entre a casa da mãe e
outros lares até ser enviada para um orfanato. O desamparo nunca deixou
Marilyn. Definiu muitas das suas angústias e também comprometeu sua
formação intelectual — pela qual sempre se esforçou. Strasberg a ajudou a
chegar mais próximo da artista que queria ser. Com ele, tornou-se mais
confiante diante das piadas que faziam a seu respeito em Hollywood.
Ninguém acreditava nela como atriz — só como uma a loira estonteante.
É
nessa fase que ela conhece Arthur Miller, um dos maiores escritores do
país, com quem se casou em 1956. Ficaram juntos até 1960, após dois
abortos espontâneos e uma relação em que se sentia muito só — ela achava
que teria nele o marido e o mentor intelectual com que sonhava. O
período seguinte foi regado a mais champanhe (o álcool sempre foi
constante companheiro), remédios e a deterioração física e psicológica
que culminou em episódios como a crise de pânico no camarim do Madison
Square. Ela morreu menos de dois anos depois da separação, mas não sem
antes viver o mais famoso e polêmico de todos os seus casos. Com Kennedy
sofreu, de novo, por estar com um homem que queria só a diva. Ele a
teria descartado após passar a noite com ela na suíte presidencial do
Hotel Carlyle, para onde foram depois da festa que se seguiu à homenagem
no Madison Square Garden. É dessa noite a única foto da atriz com o
presidente. A hipótese de que tenha sido assassinada por sua ligação com
o poder sempre rondou sua morte. Oficialmente, ela se suicidou em
agosto de 1962. Um fim incompreendido como ela foi.
ESCRITOS
Folha de um dos cadernos encontrados por Anna Strasberg
Folha de um dos cadernos encontrados por Anna Strasberg
Para melhorar a formação defasada, ela devorava clássicos.
Por
Ludmila Vilar
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