terça-feira, 28 de agosto de 2012

A mulher por trás de Marilyn (Parte III)

Ela continua sendo a maior estrela de todos os tempos. Doce, linda e sedutora, na intimidade era insegura e atormentada. Até agosto, mês dos cinquenta anos de sua morte, filmes, livros e exposições homenageiam a diva
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EXPOSIÇÃO
Através do vidro do carro, o fotógrafo flagra Marilyn chorando logo após anunciar a separação de Joe DiMaggio
Certa vez, na sua hora do exercício, o professor pediu que lembrasse de um momento em sua vida. Era preciso ir fundo, buscar a roupa que vestia, o cheiro, as palavras que ouvira. Marilyn descreveu uma cena, supostamente de um abuso sexual, em que estava sozinha num quarto quando um homem, não identificado por ela, entrou. À medida que lembrava, desabava em lágrimas. Estavam ali a alma atormentada e a atriz em busca de ser reconhecida além de sua beleza. A mesma que a eternizou na memorável foto com o vestido branco voando com o vento vindo do túnel do metrô.
Lee Strasberg tonou-se mentor e substituiu de certa forma o pai que ela nunca teve. A mãe dela, Gladys Pearl Baker, sofria de graves problemas mentais e não vivia com o pai da atriz quando ela nasceu. A busca por esse homem foi uma das maiores dores de Marilyn por toda a sua vida. Ainda bebê, a atriz ficou sob os cuidados de uma família e depois teve a infância marcada por uma série de idas e vindas entre a casa da mãe e outros lares até ser enviada para um orfanato. O desamparo nunca deixou Marilyn. Definiu muitas das suas angústias e também comprometeu sua formação intelectual — pela qual sempre se esforçou. Strasberg a ajudou a chegar mais próximo da artista que queria ser. Com ele, tornou-se mais confiante diante das piadas que faziam a seu respeito em Hollywood. Ninguém acreditava nela como atriz — só como uma a loira estonteante.
É nessa fase que ela conhece Arthur Miller, um dos maiores escritores do país, com quem se casou em 1956. Ficaram juntos até 1960, após dois abortos espontâneos e uma relação em que se sentia muito só — ela achava que teria nele o marido e o mentor intelectual com que sonhava. O período seguinte foi regado a mais champanhe (o álcool­ sempre foi constante companheiro), remédios e a deterioração física e psicológica que culminou em episódios como a crise de pânico no camarim do Madison Square. Ela morreu menos de dois anos depois da separação, mas não sem antes viver o mais famoso e polêmico de todos os seus casos. Com Kennedy sofreu, de novo, por estar com um homem que queria só a diva. Ele a teria descartado após passar a noite com ela na suíte presidencial do Hotel Carlyle, para onde foram depois da festa que se seguiu à homenagem no Madison Square Garden. É dessa noite a única foto da atriz com o presidente. A hipótese de que tenha sido assassinada por sua ligação com o poder sempre rondou sua morte. Oficialmente, ela se suicidou em agosto de 1962. Um fim incompreendido como ela foi.
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ESCRITOS
Folha de um dos cadernos encontrados por Anna Strasberg
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Para melhorar a formação defasada, ela devorava clássicos.
Por Ludmila Vilar  

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