terça-feira, 14 de agosto de 2012

PARABÉNS PARNAÍBA!


Foto de Morais Brito
Foi lá pelos anos de 1937 quando um punhado de parnaibanos que sonhavam com a independência do Piauí, do julgo português, se organizaram e bravamente lutaram, evitando assim, que Portugal criasse um Estado formado pelas Províncias do Piauí, do Maranhão e do Pará. Este feito fez com que D. Pedro I agraciasse a Vila de Parnaíba com o honroso título de “Metrópole da Província do Norte”. Este foi um importante passo para criação da cidade. Mas tarde, Parnaíba tornou-se o maior pólo de riqueza do Piauí, através das charqueadas e depois com o período áureo da cera de carnaúba, do jaborandi e do algodão.
Hoje, as esperanças dos parnaibanos se voltam para o turismo. O rio Igaraçu (que não é de janeiro, mas de todos os meses), embala esta “cidade maravilhosa”. A ponte que, assim como a outra, nos leva, não a Niterói, mas à Ilha Grande de Santa Isabel, facilitou o acesso à praia da Pedra do Sal, a mais bonita do nosso litoral.
Com uma riqueza natural invejável e um povo trabalhador; com um clima agradável e a tranqüilidade de uma cidadezinha de interior; com seus casarões antigos, mansões, igrejas e o Porto das Barcas, formam um acervo arquitetônico em vários estilos, do barroco ao moderno, que encanta os visitantes e turistas.
Parnaíba tem um passado que nos enche de orgulho e de saudades com recordações agradáveis. É uma viagem no tempo: andar num carrossel de um circo armado na Guarita ou se balançar numa canoinha nas quermesses dos festejos de São Sebastião; chupar cana cortada em rolas, espetadas num palito; paquerar na Praça da Graça vendo as meninas circular depois da missa na matriz; namorar na pérgula olhando os peixes e a cangapara do espelho d’água, enquanto a charanga do mestre Almir emitia seus acordes dissonantes; assistir um filme do Elvis Presley no cine Éden, na cessão das quatro; ficar na Praça Santo Antônio lendo gibi e esperando as meninas do Colégio das Irmãs passar; ir à festa no Igara Clube ou no Cassino 24 de Janeiro para ver a Nuse dançar com o Bentinho Mavinier; participar das tertúlias na AABB ou assistir ao show dos The Clevers; comer uma ostra no Cabana; um caranguejo no seu Cornélio ou uma galinha caipira no Zé Grosso; fazer um lanche no bar Fortaleza ou na Merenda do Índio; jogar sinuca no bar Parnaíba; assistir ao clássico Parnaíba (de Raimundo Boi) versus Ferroviário (de Chico Palanqueta); assistir uma aula do professor Custódio ou da professora Maria da Penha.
Como falar de Parnaíba sem citar lugares, casas, bares, lojas que foram símbolo de uma época e que permanecem guardados na lembrança: o cajueiro de Humberto de Campos; lagoa do Bebedouro; indústrias Rosápolis e Moraes S.A; grupo escolar Miranda Osório; Ginásio Parnaibano; Instituto São Luiz Gonzaga; Lojas Rosemary; Casa Cristino; Moraes Souza e Armázem do Pedro Machado; Rua Presidente Vargas, mais conhecida como Rua Grande que começa no Porto Salgado, sob o olhar altaneiro da águia no monumento rodeado de palmeiras imperiais, de frente para o Pavilhão, um misto de posto de gasolina, bar e ponto de carro de aluguel.
Parnaíba foi palco de personagem que se misturam com a história da cidade, verdadeiros cartões de visita e símbolo de uma época, nas mais diversas modalidades: Pacamão, mestre da palavra e do improviso; Monsenhor Antônio Sampaio, a cultura em forma de educação; Pneu, mestre da cachaça; Gominha, mestre na arte de engomar e poliglota, bebia em várias línguas; Maria das Cabras com seus colares, Cabeça ruída sempre juntando estrume pela rua, Maria Onça, braba como o próprio nome; madame Jibóia, elegante e atenciosa; Domingão sempre repetindo as últimas palavras e muitos outros ilustres personagens, poetas, escritores, boêmios e figuras folclóricas que permanecem vivos em nossa memória.
Ao completar 168 anos, me junto ao rio Igaraçu “que te envolve e que te embala” para mandar meu afetuoso abraço, estendido a todos os conterrâneos, anelando votos de desenvolvimento econômico, social e cultural, com respeito os direitos humanos e ao meio-ambiente, preservando seu patrimônio histórico, arquitetônico, artístico e cultural. 

por Carlos Henriques de Araújo (Membro da UBE-PI) / colaborador do blog

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