domingo, 20 de maio de 2012

REFLEXÃO POLITICOSOCIOIDEOLÓGICA


Vamos sentar à mesa para comemorar a nossa vitória de Pirro; mesmo os que nunca lutaram de verdade ou se aproveitaram da situação, e os que viram se esvair pelas estradas da vida os restos do bom combate junto com seus ideais; vamos lembrar os que viram os fantasmas da guerra na vida real, na intolerância, na incompreensão e na sobrevivência; vamos lembrar os exilados por conta de sua ideologia, arte ou religião; os mártires, os calabás e os Judas que quiseram ver seus sonhos de paz, liberdade e igualdade
brotar nos quatro cantos do mundo e acabaram presos ou mortos nos porões da ditadura.
Vamos falar daqueles que o tempo lhes roubou a juventude (e a vida), sonhando acordado, fumando maconha, cheirando crack ou bebendo cachaça; vamos lembrar os que envelheceram nas filas do INSS (e dos bancos), desrespeitados na sua humildade, paciência e pobreza; vamos falar dos que viram seus filhos morrerem nas curvas do destino, num assalto à mão armada, por uma bala perdida ou arrastado por um carro dirigido por um motorista bêbado; vamos nos lembrar do antigo compositor baiano que virou ministro e dos “companheiros” que faziam piquete nas portas das fábricas que hoje se locupletam com as benesses do governo.
“Nossos heróis morreram de overdose e os meus inimigos estão no poder”; os partidos viraram moeda de escambo e os políticos sérios estão encima do muro. O sonho comunista acabou, o capitalista também. O rei está nu e o povo perdido no mato sem crédito e na cidade sem emprego. A reforma ortográfica não melhorou nosso português (nem o do presidente). A gripe suína não diminuiu o turismo na Argentina (paraíso dos emergentes) nem o intercambio de jovens para o México.
No congresso, cheio de sarnelas (mistura de sarney com mazelas) e de atos secretos e safados, os escândalos não param de acontecer.
Alguém já sugeriu transformar aquela casa num grande museu (do ócio e da maracutáia). Acho uma boa idéia (51)! Chega de pseudo-reformas, de toma lá dá cá, de votação de cartas marcadas, de acordo fisiologistas, de CPI para inglês ver (e deputado aparecer), de partidos sem ideologia, de bancadas corporativistas, e de atos secretos e safados.
O Brasil está crescendo na contra mão da história, apesar da crise. O pobre come mais e trabalha menos por conta do bolsa-família; o rico compra carro novo com subsídio do governo que agora é credor do FMI. Empresário constrói prostíbulo com dinheiro do BNDE; Indústria fecha por falta de capital de giro; IGP-M está negativo; o preço do barril de petróleo despenca para metade e o da gasolina não baixa nos postos. É o samba criolo da economia doida (ou o rock de olhos verdes do capitalismo neoliberal).
Quanta incoerência econômica e insensatez política; quanta falta de espírito público e cinismo (na defesa de colegas que lhes devem favor ou têm o rabo preso). Eles “estão se lixando para ...” pois sabem que se reelegem. Não precisa ser pitonisa para fazer esta previsão, a cegueira do inconsciente coletivo se revelará nas urnas. (it is the end) Nossa civilização está em crise e sua cultura em decadência porque falhou na base (evoluiu na tecnologia e no material) e esqueceu o principal – o espiritual (o ser humano). E o planeta caminha para seu holocausto, vítima do aquecimento global advindo da poluição, do descaso, da ganância e da insensatez do homem.

Carlos Henriques de Araújo
Membro da UBE-PI

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