sábado, 7 de abril de 2012

Eu, Judas de mim mesmo!!


Em meados de 1992, transcorria a mais terrível batalha entre rivais na história política de Piripiri. Eleito por uma diferença de 27 votos, Dr. José Pinto de Mesquita era a esperança de um uns poucos votos além da metade dos votos apurados(dizem que uma eleição fraudulenta, manobrada dentro da Cassino 4 de Julho.)No outro lado, o Deputado Luiz Menezes,sentia a dor cruel da derrota “por pouco”!! E bota cruel nisso!Pesadelos de uma campanha mal elaborada, pescarias e caçadas em plena campanha eleitoral, vaidades e mais vaidades que se perdiam no horizonte. Um exército de fiéis seguidores, guerreiros valorosos( dentre eles eu!) queriam dividir a angústia da derrota, e alimentar a esperança da vitória no pleito de 1995. Nem que isto custasse o que custasse! Era uma questão de honra!

Dr. Pinto foi eleito no dia 1 de Outubro de 1994, num domingo sombrio. Nem esperi que ele efetivamente viesse a assumir e disse a Luiz menezes: - Doutor, vou fazer a minha parte, fui ferido, perdemos a batalha, estou vivo, a guerra continua!!

Quinze dias após a eleição, eu estava na Rádio FM Cidade, estreando o programa “ O POVO É A RAZÃO”(pelo qual fui responsável por 4 anos), liderando uma audiência nunca vista em nenhuma emissora de rádio na história do Rádio em Piripiri. Uma roupagem nova, agressiva e ao mesmo tempo carinhosa, calmo e agressivo, sonhador e imediatista, visionário e pessimista, era um programa tão diferente que até meus inimigos corriam para o rádio(expressão da época) pra ouvir e gravar o que eu iria falar! Metia neles um misto de medo e coragem, fraqueza e pessimismo, risos e tristezas,choro e alegria..era isto mesmo!!

Todos os sábados, a cidade parava para ouvir as expressões, entrevistas ao vivo ou gravadas.Além das músicas que fiz o povo adotar, quem não se lembra da estrofe da música do Matruz com Leite:

_”João, acabou-se a farinha, o querosene da cozinha, no feijão gorgulho já deu...”

Na semana Santa de 1994, um boneco representando Judas chamava a atenção na Avenida Tomaz Rebêlo. No Judas, uma placa com o meu nome. Pendurado, centenas de pessoas ali estavam a rir, ver e formular suas ideias e pensamentos. Fui ver pessoalmente, era ali, nas imediações da casa dos Sales(Claro que não foi eles, são pessoas educadíssimas, a quem muito devo) que recebi uma homenagem que fez mudar minha vida, meus conceitos e minha história.

Decidi que precisava aprender mais, estudar mais as pessoas, participar da bondade, crescer e compartilhar com eles, ouvir os ensinamentos, crer no milagre das pessoas humildes, dos homens simples. Não poderia morrer, desistir como Judas desistiu.

Não bastaria conviver com os homens das Políticas Públicas para aprender a valorizar o amor! O mundo poderia ser melhor! Conviver não seria o bastante.Precisaria crer nas palavras que eu mesmo apregoava, na justiça dos homens, na vontade soberana. Precisava acreditar na minha fé.Enfrentar a guerra sem medo, com planejamento, estratégias e organização. E assim o fiz...

Não precisei morrer nas minhas concepções.Exatamente ao contrário, nasci para a inclusão, aprendi que todos são humanos, possuem fraquezas, que se tornam fortalezas.. Que podem nos levar mais próximo do Pai..

Renovei minhas energias, criei novas concepções, ajudei mais do que fui ajudado, talvez chorei mais do sorri, amei mais do fui amado, mas renasci.

Hoje vejo um mundo melhor, onde me situo como uma pessoa que deve muito aos próximos, a bondade, ao amor e a compreensão. Muito obrigado à todos que fizeram aquele Judas em minha homenagem. Hoje,15 anos após, conservo minha barba em homenagem...


Por Themistocles Gomes Pereira

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