quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Por trás da Letra: Tonga da Mironga do Cabuletê


Ouvindo recente uma versão cantada da musica: "Tonga da Mironga do Cabuletê" (de Toquinho e Vinícius de Morais) cantada por Mallu Magalhães, fiquei curiosa em saber o significado dessa expressão tão famosa. Pesquisando no Google, encontrei várias respostas mas entre todas irei postar duas que achei bem interessantes:

A Tonga da Mironga do Kabuletê

A expressão
Na composição, os autores informam, sem que seja comprovado, que a expressão seria uma espécie de xingamento em língua nagô. Na época, o Brasil era governado por uma ditadura e essa era a oportunidade de protestar sem que os militares compreendessem.
De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, estas palavras significam o seguinte: 

(1) tonga (do Quicongo), "força, poder"
(2) mironga (do Quimbundo), "mistério, segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço"); 
(3) cabuletê (de origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (também empregado para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira).
"Tonga", segundo o Dicionário Aurélio, pode ser uma palavra angolana para "terra a ser lavrada" ou "lavoura". É, ainda samtomensismo depreciativo, a designar descendentes de lusos, ou de serviçais, nascidos nas ilhas.
"Mironga" é, em candomblé e na macumba, "feitiço, sortilégio, bruxedo".
"Cabuleté", no mesmo léxico, é "indivíduo reles, desprezível, vagabundo".
A despeito do significado literal, a expressão foi escolhida pelo poeta Vinícius de Moraes pela sua sonoridade, sem valor semântico mas com alto valor sugestivo. É uma inovação linguística que se instalou na cultura popular brasileira.
Sucesso
Lançada nos anos 1970 pela dupla, foi um de seus maiores sucessos, cantada ainda pelo cantor Monsueto, sendo, durante aqueles anos, uma expressão de uso bastante popular, à qual não se emprestava nenhum significado particular. (Fonte: http://pt.wikipedia.org)


A outra resposta foi popular:


Tonga da Mironga do Cabuletê (Toquinho e Vinicius de Moraes ) 

Eu caio de bossa eu sou quem eu sou
Eu saio da fossa xingando em nagô
Você que ouve e não fala / Você que olha e não vê
Eu vou lhe dar uma pala / Você vai ter que aprender
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
A tonga da mironga do cabuletê
Você que lê e não sabe / Você que reza e não crê
Você que entra e não cabe / Você vai ter que viver
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Na tonga da mironga do cabuletê
Você que fuma e não traga / E que não paga pra ver
Vou lhe rogar uma praga / Eu vou é mandar você
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Pra tonga da mironga do cabuletê
Vinícius e Toquinho voltam da Itália onde haviam acabado de inaugurar a parceria com o disco “A Arca de Noé”, fruto de um velho livro que o poetinha fizera para seu filho Pedro, quando este ainda era menino.
Encontram o Brasil em pleno “milagre econômico”. A censura em alta, a Bossa em baixa. Opositores ao regime pagando com a liberdade e a vida o preço de seus ideais. O poeta é visto como comunista pela cegueira militar e ultrapassado pela intelectualidade militante, que pejorativa e injustamente classifica sua música de easy music.
No teatro Castro Alves, em Salvador, é apresentada ao Brasil a nova parceria.
Vinícius está casado com a atriz baiana Gesse Gessy, uma das maiores paixões de sua vida, que o aproximaria do candomblé, apresentando-o à Mãe Menininha do Gantois. Sentindo a angústia do companheiro, Gesse o diverte, ensinando-lhe xingamentos em Nagô, entre eles “tonga da mironga do cabuletê”, que significa “o pêlo do cu da mãe”.
O mote anal e seu sentimento em relação aos homens de verde oliva inspiram o poeta. Com Toquinho, Vinícius compõe a canção para apresentá-la no Teatro Castro Alves.


Era a oportunidade de xingar os militares sem que eles compreendessem a ofensa.

E o poeta ainda se divertia com tudo isso: “Te garanto que na Escola Superior de Guerra não tem um milico que saiba falar nagô”.
Fonte: Vinicius de Moraes: o Poeta da Paixão; uma Biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 1994. (Fonte: http://portrasdaletra.blogspot.com.br)



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