Modelo Panel Van 1950 aguarda placa preta para voltar a rodar.
Segundo dono, existem apenas 36 modelos iguais; sete estão no Brasil.
Nem todo mundo recomeça a vida aos 60, como essa Volkswagen Kombi Panel Van 1950. Durante sua longa trajetória, ela já foi resgatada de uma favela, pegou fogo e passou por duas restaurações. E agora, do alto de suas respeitáveis mais de seis décadas de vida, aguarda a tão sonhada placa preta para voltar a rodar.
Modelo da Kombi é uma Panel Van, apelidada também de Barn Door (Foto: Rodrigo Mora/G1)
Barn Door
Embora sua produção no Brasil tenha começado em 1957, a Kombi desembarcou por aqui em 1950, importada pela Brasmotor – que a partir de 1953 passou a montá-la em território nacional. O modelo das fotos é uma Panel Van, como se designava as do tipo furgão, apelidada também de Barn Door, em semelhança às suas portas laterais que lembram as de um celeiro. Segundo o dono do modelo, existem atualmente no mundo apenas 36 exemplares, sendo que sete estão no Brasil – esta, no entanto, é a Kombi furgão restaurada mais antiga do país, de acordo com o proprietário, o restaurador Maurício (que prefere não revelar seu sobrenome).
Kombi não tem para-choque traseiro (Foto: Rodrigo Mora/G1)
No visual revelam-se as principais diferenças em relação à Kombi posteriormente produzida no Brasil. As rodas são de 16 polegadas – e não 14 ou 15 como na nacional –; as lanternas, redondas, têm a companhia de um defletor (exigência da legislação alemã); as saídas de ar nas laterais são diferenciadas e não há para-choque traseiro. Completam o charme da Kombi alemã as “bananinhas” substituindo as luzes de direção e os “capta- vento”no lugar dos habituais “quebra-vento’. E por ser um modelo furgão, não há janelas.
O modelo Panel Van tem portas laterais que lembram as de um celeiro (Foto: Rodrigo Mora/G1)
Kombi tem o volante de três raios e velocímetro
com escala invertida (Foto: Gustavo Petró/G1) Outra diferença está no logo da marca. Habitualmente calcado na própria lataria, o símbolo aqui é uma peça de alumínio, e curiosamente tendo as letras V e W separadas. Completam as distinções externas o retrovisor apoiado na coluna – e não na porta.
Retrovisor
Internamente, a simplicidade típica e um furgão comercial da década de 1950: volante de três raios, banco inteiriço, e velocímetro com escala invertida.
Vida dura
Mesmo rodeada de Ferraris, Porsches e Cadillacs, essa Kombi Panel Van consegue atrair a atenção de muitos visitantes do 20° encontro de automóveis antigos de Araxá. Mas ninguém tem ideia do que essa velha senhora sofreu para chegar até aqui:
Resgatada de uma favela em 2001, ela passou por um processo de restauração que durou um ano. “A pesquisa foi muito difícil, porque as mudanças na Kombi aconteciam em meses, e não em anos. Uma alteração podia ser feita entre março e abril por exemplo, ainda que ambos modelos fossem de 1950. Portanto, não bastava achar um livro que falasse do modelo 50, mas também se ele havia sido escrito antes ou depois do mês de fabricação do seu exemplar”, explica o restaurador.
Internamente, o banco da Kombi é inteiriço (Foto: Rodrigo Mora/G1)
Concluído o trabalho, Maurício fazia questão de andar frequentemente com o carro. Num dos passeios, no entanto, seu motor falhou e uma fumaça tomou conta da cabine. Maurício pulou do carro e em instantes a Kombi foi consumida pelo fogo. “Não fiquei chateado pelo investimento financeiro, e sim pelo emocional. Ali, tive um sentimento de morte, como alguém que perde um amigo”, lembra o proprietário.
As rodas da Kombi Panel Van são de 16 polegadas (Foto: Rodrigo Mora/G1)
Num segundo momento, Maurício conta que passou a olhar para a Kombi com frieza, pensando no que poderia salvar. “Dali em diante eu tomei aquilo como um desafio. Ressuscitar a Kombi seria uma questão de honra”, explica, completando: “esse carro voltou à vida graças ao meu amor por ele e também à coragem do meu funileiro, que topou reconstruí-la. A consagração veio no último encontro de Águas de Lindóia, onde ela foi reconhecida como um dos mais importantes carros da mostra”.
Depois dos maus momentos, a Kombi hoje aguarda a placa preta para poder voltar às ruas. Quem sabe com sua irmã gêmea, outra Panel Van 1950, também de Maurício.
Parte de trás da Kombi Panel Van não tem para-choque (Foto: Rodrigo Mora/G1)
por Rodrigo Mora Do G1, em Araxá, Minas Gerais – o jornalista viajou a convite da Fiat
Fonte:http://g1.globo.com
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