Jodie Bieber/Institute for Artist Management/ Goodman Gallery for Time magazine/AP |
Aisha Mohammadzai voltou a sorrir, ainda que de forma tímida. A jovem afegã, que foi atacada e perdeu parte do nariz e orelhas após fugir dos abusos de seu marido e sogros em 2008, passou por vários meses de reabilitação e cirurgias. Agora, aos 22 anos, ela luta para refazer sua vida.
Há quatro anos, Aisha sofria constantes abusos da família de seu marido, que maltratavam a jovem e a obrigavam a dormir no estábulo com os animais, no Afeganistão.
Quando ela tentou escapar, a família de seu marido a perseguiu e, quando a encontrou, mutilou seu rosto.
“Quando cortaram meu nariz e minhas orelhas, eu desmaiei. Na metade da noite, sentia como se tivesse uma água fria no rosto. Abri os olhos e quase não podia ver nada, com tanto sangue em cima de mim”, contou a jovem durante uma entrevista à rede norte-americana CNN.
Abandonada em uma região montanhosa, Aisha conseguiu chegar até a casa de seu avô, que, junto ao pai da jovem, a levou até um posto de assistência da missão dos EUA no Afeganistão.
Ela ficou nesse local por dez semanas recebendo tratamento até ser levada a um refúgio norte-americano em Cabul, capital do país.
Meses depois, em agosto de 2010, Aisha desembarcou nos EUA, onde teve suas cirurgias pagas pela Fundação Grossman Burn, na Califórnia. No ano passado, a afegã conseguiu oficializar seu status de refugiada política.
Trauma
Aisha ficou conhecida nos EUA após estampar a capa da edição de agosto de 2010 da prestigiosa revista Time. A foto rendeu ao fotógrafo Jodi Bieber o prêmio do World Press Photo Award, a premiação mais importante do fotojornalismo mundial.
A imagem mostrou o rosto definitivo de Aisha, após quatro anos do ataque e meses de reabilitação.
Em sua primeira cirurgia implantaram uma prótese nasal. Então ela se submeteu a outras cirurgias para reconstrução do nariz e das orelhas, com cartilagens e tecidos retirados de outras partes do corpo.
Mas sua recuperação ocorre de forma bastante complexa. Segundo a edição online do diário britânico Daily Mail, Aisha ainda sofre variações emocionais.
Hoje, após um período de adaptação nos EUA, ela estuda inglês e passa por sessões terapêuticas para superar sua brutal experiência.
A recuperação dela inclui várias atividades, como ensiná-la a cuidar de sua renda (ela recebe semanalmente cerca de R$ 40), e ainda ajudá-la comprar roupa e comida.
Aisha aprendeu também a se maquiar — ela adora saltos altos e jeans apertados. A jovem ainda pinta e desenha para expressar suas emoções mais profundas.
A cada dia que passa, seus cuidadores, do grupo Mulheres pelas Mulheres Afegãs, dizem que é mais fácil vê-la sorrir.
O sonho de Aisha é, assim que aprender o inglês, se inscrever em uma academia de polícia — ela quer proteger as mulheres.
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