Procurador pediu dados ao TCU e à CGU sobre contratos da Delta no Rio.
O procurador-geral da República, Roberto
Gurgel, informou nesta segunda-feira (7) que irá pedir a abertura de
inquérito para apurar as relações do governador de Goiás, Marconi
Perillo (PSDB), com o bicheiro Carlinhos Cachoeira, acusado de comandar
uma quadrilha que explorava jogos ilegais e preso desde o fim de
fevereiro. O procurador disse também que avalia pedir abertura de novo
inquérito sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Escutas telefônicas obtidas pela Polícia
Federal na Operação Monte Carlo apontam que pessoas ligadas a Perillo
atuavam em favor de Cachoeira. Áudios apontam que ele pode ter recebido
dinheiro do contraventor, o que foi negado pelo governador de Goiás.
Perillo tem foro privilegiado no
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e só pode ser investigado em
inquéritos autorizados pelo tribunal.
O procurador afirmou que o pedido de
abertura de inquérito deve ser feito por conta de uma solicitação do
próprio governador. "Como o próprio governador se diz interessado que
sejam devidamente apuradas estas notícias, nós devemos, diante desta
manifestação, pedir ao STJ [Superior Tribunal de Justiça] a instauração
de inquérito", afirmou.
Sobre o governador Agnelo Queiroz, do
Distrito Federal, Gurgel lembrou que já existe um inquérito que
investiga o governador no STJ em relação a convênios com ONGs, mas não
relacionado a Cachoeira. Dados da Operação Monte Carlo, segundo ele,
podem motivar a abertura de novo inquérito.
"Há outros fatos que estão sendo agora
examinados pela Procuradoria Geral e que poderão vir a motivar novos
inquéritos", afirmou Gurgel ao ser perguntado sobre Agnelo. No dia 24 de
abril, a Procuradoria havia informado que Gurgel pediria o inquérito ao
STJ, sem informar data.
Agnelo afirma não ter relações com
Carlinhos Cachoeira e nega que seu governo tenha atendido a pedidos do
bicheiro ou de pessoas ligadas a ele.
Cabral
De acordo com Roberto Gurgel, não há
"qualquer iniciativa" de abertura de inquérito a respeito do governador
do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). No entanto, ele afirma ter
pedido a órgãos de controle informações sobre contratos da empreiteira
Delta no Rio. Segundo o PGR, os ofícios foram encaminhados ao Tribunal
de Contas da União, à Controladoria Geral da União e também à
Procuradoria da República no Rio de Janeiro.
"É um momento absolutamente preliminar
para essas informações iniciais. Não há ainda qualquer iniciativa no
sentido de instauração de inquérito", disse o procurador. Segundo
Gurgel, a existência de contratos da empreiteira relativos à Copa do
Mundo de 2014 justifica a federalização dos dados.
Nas últimas semanas, foram divulgadas
fotos do governador Sérgio Cabral em festas com o ex-dono da
construtora, Fernando Cavendish. A Delta está no foco das investigações
da CPMI que investiga as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira
com políticos e empresas.
Escutas sobre Agnelo
Em um dos diálogos, Marcello Lopes,
ex-assessor de Agnelo, fala com Idalberto Matias de Araújo, o Dadá,
suspeito de ser um dos principais auxiliares do contraventor Carlos
Cachoeira. No áudio, Idalberto Matias, é tratado pelo codinome Chicão.
Marcello: Teve uma reunião, Chicão,
entre o Agnelo; Agnelo, o Rafael e João Monteiro, agora esses dias. E o
Agnelo falou para o João diretamente, isso foi o Cláudio me contando,
pra cuidar da Delta, pra deixar tudo, pra não dar problema nenhum no
lixo.
No diálogo são citados João Monteiro que
é o ex-diretor do Serviço de Limpeza Urbana de Brasília (SLU),
exonerado na última semana; Rafael seria Rafael Barbosa, secretário de
Saúde do governo do Distrito Federal; e Cláudio seria Cláudio Abreu,
ex-diretor da Delta no Centro-Oeste.
O governador do Distrito Federal, Agnelo
Queiroz, foi citado nominalmente em conversas gravadas em abril do ano
passado pela Polícia Federal. A gravação faz parte da Operação Monte
Carlo.
Áudios sobre Perillo
Segundo o blog do jornalista Mino
Pedrosa, ex-assessor de Cachoeira, o governador Marconi Perillo recebeu
R$ 500 mil, numa caixa de computador, como parte do pagamento de
negócios com o bicheiro. A entrega teria sido feita pelo ex-vereador do
PSDB de Goiás, Wladimir Garcez, dentro do Palácio das Esmeraldas.
De acordo com gravações, feitas com
autorização da justiça, no dia 10 de junho, Carlinhos Cachoeira conversa
com Geovane Pereira da Silva, um dos principais responsáveis
financeiros da quadrilha. O relatório da Polícia Federal diz que os
diálogos se referem à entrega de dinheiro no Palácio do Governo de
Goiás.
Geovane: E aí, posso mandar?
Carlinhos: Pode. Manda ele esconder ai.
Geovane: Tá numa caixa de computador, né?
Carlinhos: Tá.
Dois minutos depois os dois voltam a conversar. E o bicheiro fala onde será a entrega.
Carlinhos: Cê contou?
Geovani: Acabei de conferir.
Carlinhos: Então lacra aí, entrega pro Gleybão entregar pro Wladimir lá na praça lá, ele está lá na praça lá perto do palácio. Fala pra ele passar lá e deixar.
Geovani: Ok.
Carlinhos: Pode. Manda ele esconder ai.
Geovane: Tá numa caixa de computador, né?
Carlinhos: Tá.
Dois minutos depois os dois voltam a conversar. E o bicheiro fala onde será a entrega.
Carlinhos: Cê contou?
Geovani: Acabei de conferir.
Carlinhos: Então lacra aí, entrega pro Gleybão entregar pro Wladimir lá na praça lá, ele está lá na praça lá perto do palácio. Fala pra ele passar lá e deixar.
Geovani: Ok.
Em nota, o governador Marconi Perillo disse que é irresponsável, leviana, inverídica e despropositada a denúncia. Fala ainda que nunca tratou no palácio de qualquer assunto que não fosse de interesse do governo de Goiás.
Fonte: Marcelo Parreira
Do G1, com informações do Jornal Nacional
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