quarta-feira, 18 de abril de 2012

Da cintura pra cima o Piauí vai permanecer vivendo de brisa.


A revista VEJA na edição desta semana traz uma excelente matéria assinada pelo repórter Marcelo Sakate sobre a economia crescente do Piauí. Diz que “impulsionada pelo cultivo da soja no cerrado, a região sul do estado nordestino é a fronteira agrícola de maior crescimento neste século...”. Com o título O Piauí decola, a reportagem mostra em números que o Piauí é o estado com maior expansão na colheita de grãos, um aumento médio anual entre 2000 e 2012 de 15%, superando os vizinhos Tocantins, com 13%, o Ceará com 10%, a Bahia e o Mato Grosso com 9% respectivamente.
Sakate lembra que, apesar de ser ainda considerado um dos estados mais pobres do Brasil, o Piauí liderou a expansão no Nordeste na última década, o que significa um avanço de 4,8% ao ano. E olhe que a área plantada ocupa apenas 2% do total nacional. Este movimento foi liderado, convenhamos, não por gente nativa, mas por migrantes gaúchos e paranaenses. A soja tem puxado outros investimentos como a criação intensiva de frango de corte e o reflorestamento para a indústria de papel e celulose.
Mas deixemos a região fronteiriça de Bom Jesus e Uruçuí com o Maranhão, Tocantins e a Bahia com o seu desenvolvimento. Se comparado a um corpo humano, o Piauí está vestido da cintura pra baixo enquanto da cintura pra cima ainda vai levar muito e muito tempo pobre, nu e querendo viver de brisa. A realidade precisa ser dita e mostrada. Dificilmente os bons ventos dessa cultura econômica devem chegar até a região norte simplesmente porque o estado todo não tem infra-estrutura para corresponder a esta expectativa.
Pra início e fim de conversa o Piauí já deveria faz tempo ter um porto de mar. Antes, deveria ter trabalhado a navegabilidade do seu maior rio, o Parnaíba, e colocado em operação o aeroporto da cidade do mesmo nome. E para encurtar ainda mais a conversa, o estado ainda tem uma malha viária péssima. E que por não ter porto os produtores de soja e de milho tem que usar o porto do vizinho Maranhão.
Muito embora estes produtores até achem barato o custo deste escoamento, toda esta produção acaba “passeando” sem necessidade. A questão do porto de Amarração em Luiz Correia, que entre idas e vindas permanece sem definição, precisa e urgente ser resolvida. Porque senão a gente aqui do norte do Piauí vai passar a vida toda de cara pra cima e vendo o tempo passar, sem dinheiro pra comprar uma camisa e achando que turismo e caranguejo vão resolver tudo.

Por Pádua Marques

Um comentário:

Graça disse...

Concordo plenamente com o jornalista Pádua,pois se dependesse desse cidadão o Piauí seria o melhor estado da nação.

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