segunda-feira, 11 de junho de 2012
Iniciativa busca consertar as coisas que jogamos fora
Amsterdã – Um desempregado, um farmacêutico aposentado e um tapeceiro ocuparam suas estações de trabalho atrás de mesas forradas com tecido xadrez vermelho. Chaves de fenda e máquinas de costura esperavam, a postos. Café, chá e biscoitos circulavam. Hilij Held, uma vizinha, trouxe uma mala zebrada e retirou um ferro de passar bastante usado.
"Isto não funciona mais", disse ela. "Não faz vapor."
Held estava no lugar certo. No Repair Cafe de Amsterdã, evento originalmente realizado no saguão de um teatro, depois numa sala alugada num antigo hotel e hoje num centro comunitário duas vezes por mês, pessoas podem trazer qualquer coisa para ser consertada, sem nenhum custo, por voluntários que simplesmente gostam de arrumar coisas.
Concebido como uma forma de ajudar a reduzir o lixo, o conceito do Repair Cafe (algo como cafeteria de reparos) decolou desde sua estreia, há dois anos e meio. A Repair Cafe Foundation levantou cerca de US$ 525 mil com uma dotação do governo holandês, apoio de fundações e pequenas doações – dinheiro que paga equipes de funcionários, marketing e até mesmo um ônibus do Repair Cafe.
Trinta grupos iniciaram a iniciativa por toda a Holanda, onde vizinhos reúnem suas habilidades e trabalham por algumas horas mensais para arrumar roupas esburacadas e reformar velhas cafeteiras, abajures, aspiradores de pó e torradeiras, além de pelo menos um órgão elétrico, uma máquina de lavar e um espremedor de laranja.
"Na Europa, jogamos fora muitas coisas", afirmou Martine Postma, ex-jornalista que criou o conceito quando o nascimento de seu segundo filho a fez pensar mais no meio ambiente. "É uma pena, pois as coisas que jogamos fora geralmente não estão tão quebradas assim. Há cada vez mais pessoas no mundo, e não podemos continuar lidando com isso da forma como fazemos."
"Eu tive vontade de fazer alguma coisa, e não apenas escrever sobre o assunto", explicou ela. Mas ela estava angustiada com a seguinte questão: "Como você pode tentar fazer isso como uma pessoa normal, em sua vida cotidiana?".
Inspirada por uma exposição de design sobre os benefícios criativos, culturais e econômicos dos consertos e da reciclagem, ela decidiu que ajudar as pessoas a consertar suas coisas era uma maneira prática de evitar o lixo desnecessário.
"Discussões de sustentabilidade costumam ser sobre ideais, sobre como poderia ser", continuou Postma. "Após um certo número de workshops sobre como cultivar seus próprios cogumelos, as pessoas se cansam. Nosso conceito é algo muito 'mão na massa', muito concreto. Trata-se de fazer algo em conjunto, aqui e agora."
Embora os Países Baixos depositem menos de 3 por cento de seu lixo municipal em aterros sanitários, ainda há espaço para melhorar, garante Joop Atsma, secretário estadual de infraestrutura e meio ambiente. "O Repair Cafe é uma maneira eficaz de elevar a conscientização sobre objetos descartados que ainda possuem valor", escreveu ele por e-mail.
Fonte: http://nytsyn.br.msn.com
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